Quando se deve recorrer ao médico numa criança com febre?
Quando for preciso!Não existe dia para uma consulta médica na criança com febre.
Existem sim sinais / sintomas que, associados à febre, justificam recorrer ou não ao um médico / hospital.
A presença de qualquer dos sinais abaixo indicados, independentemente do dia de febre, justificam consulta imediata ou urgente.
Justifica-se observação imediata:
Por cada 1.000 episódios de febre, num deve-se ir imediatamente ao hospital. Poderá estar em causa: meningite, sépsis, encefalites, pericardites endocardites. Não se deve perder tempo perante:- Choro / dores intensas ou comportamentos indicativos de dor forte em qualquer local do corpo, em especial se são despertadas por qualquer tipo de movimento ou pela manipulação;
- Recusa do colo com choro, preferindo o leito, após várias tentativas com algum tempo de intervalo;
- Manchas vermelhas dispersas pelo no corpo, que surgem logo no primeiro dia de febre (mesmo que apareçam e desapareçam em minutos ou horas), numa criança que “não está bem”;
- Manchas tipo picada de pulga (que não desparecem à pressão com um dedo);
- Palidez intensa de instalação em poucas horas, sobretudo se associada a sede intensa e/ou a gemido;
- Sede intensa, não saciável (avidez pelos líquidos);
- Choro débil, pouco audível ou pelo contrário, choro inconsolável para além de 2 a 3 horas seguidas e que persiste após analgésico.
- Gemido constante;
- Prostração mantida – isto é, se a criança “estando acordada, se comporta com se estivesse a dormir”, permanecendo alheia ou quase alheia à presença dos pais ou indiferente a estímulos habitualmente fortes para elas;
- Sonolência excessiva e prolongada para a situação;
- Alteração do estado de consciência;
- Pausas respiratórias prolongadas (superiores a 10 segundos), ficando o doente roxo;
- Convulsão;
- Recém-nascidos.
Justifica-se observação urgente (no próprio dia):
Cerca de 10% dos episódios de febre em idade pediátrica são devidos a infeções bacterianas e/ou a manifestações graves de doenças virusais, que vão necessitar de tratamento antibiótico e/ou de cuidados hospitalares. Deve ser observada por médico, em menos de 24 horas após o seu início, toda a criança com febre associada a qualquer um dos seguintes sinais e/ou sintomas:- Gemido expiratório, isto é, expiração interrompida, ouvindo-se um intermitente e mantido (horas): hhham … hhham … hhham;
- Respiração persistentemente acelerada (> 60 ciclos respiratórios por minuto) avaliada com a criança a dormir;
- Olhar triste, mantendo as pálpebras persistentemente entreabertas ao fim de várias horas;
- Diarreia profusa líquida associado a avidez pelos líquidos;
- Sede intensa, não saciável;
- Recusa mantida (muitas horas) na ingestão de bebidas, seja o leite e/ou outros líquidos;
- Vómitos repetidos (mais de 4 em poucas horas), sobretudo se surgem fora das refeições e que não são induzidos pela tosse;
- Sono habitual muito perturbado: a criança está incapaz de adormecer ao fim de várias horas, não conseguindo fazer um sono repousante, com acordares muito frequentes.
- Dedos e/ou os lábios que ficaram roxos durante a fase de subida térmica (“acrocianose da subida da febre”);
- Calafrios mantidos com duração superior a 5 minutos – o corpo “treme todo” (tremores generalizados sem perda de consciência), acompanhado de ereção dos pelos e com tiritar dos dentes; não se deve confundir com convulsão (que dá perda da consciência);
- Febre axilar superior a 40ºC e/ou rectal superior a 41ºC em duas ou mais avaliações com intervalo superior a 4 horas;
- Manchas vermelhas difusas que se iniciaram nos primeiros dois dias de febre, tipo queimadura do Sol, ásperas ao deslizar da mão, sobretudo no tronco, raiz dos membros e no períneo;
- Urina turva e/ou com mau cheiro;
- Recusa ou impossibilidade na mobilização de um ou mais membros ou parte de um membro;
- Dificuldade na mobilização do pescoço;
- Torcicolo;
- Idade inferior a 3 meses.
Pode protelar-se a observação por médico
Cerca de 90% dos episódios febris são quadros benignos e maioritariamente autolimitados. Estes cursam com um conjunto de sinais e sintomas cuja presença sugere benignidade. São exemplos: tosse incomodativa, aftas na boca, conjuntivite, manchas róseas que surgem para além do 3º dia de febre, etc.Não obstante poderem incomodar a criança e/ou os pais, esses sinais (na ausência dos sinais de gravidade atrás referidos) são tranquilizadores pois são indicadores de infeções sem gravidade.