terça-feira, 29 de abril de 2014

A gripe sazonal - 6ª parte: As vacinas e as medidas preventivas dos contágios

A vacinação é a medida mais eficaz na prevenção da gripe, mas tem indicações bem definidas.
As medidas comportamentais para a prevenção dos contágios, como a etiqueta da tosse e espirro, têm utilidades limitadas, mas estarão sempre indicadas.



Quais as medidas preventivas dos contágios?

A vacinação (Figuras 1 e 2) e as medidas comportamentais e de “etiqueta da tosse e do espirro” (Figura 3).
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Figura 1 e 2: Vacinação contra a gripe é a medida preventiva mais eficaz


Figura 3: “Etiqueta da tosse e espirros” e medidas comportamentais para a prevenção da gripe - embora recomendadas, são muito menos eficaz do que a vacina


Que vacinas existem contra a gripe?

Existem dois tipos de vacinas:
  1. Inativadas: com vírus mortos ou partículas dos vírus da gripe prevalentes na comunidade: H3N2, H1N1 e gripe B; de administração intramuscular; variam de ano para ano (ver 1º texto). 
  2. De vírus vivos atenuados: constituídas por vírus vivos de baixa virulência de H3N2, H1N1 e gripe B; de administração nasal; indicadas dos 3 aos 50 anos; têm maior eficácia maior que vacinas inativadas; não estão comercializadas em Portugal.


Quantas doses de vacina inativada são precisas anualmente?

A partir dos 9 anos de idade bastará uma dose de 0,5 ml.
Dos 6 meses aos 8 anos só na primeira vacinação são necessárias duas doses, administradas com intervalo de 1 mês. Dos 6 meses aos 3 anos podem-se administrar doses de 0,25 ml ou 0,5 ml; a partir dos 3 anos estão indicadas doses de 0,5 ml.


Porque é que as crianças com menos de 6 meses não devem ser vacinadas?

Pela menor eficácia da vacina e pela ausência de estudos que atestem a segurança da vacina neste grupo etário.


Em que período do ano deve ser administrada a vacina?

Antes do período habitual de epidemia, de Setembro a Dezembro. A vacina demora pelo menos 2 semanas a tornar-se eficaz. Nas crianças, na primeira vez que se faz a vacina, esta só é eficaz 2 semanas depois da 2ª dose.


Quais os efeitos indesejáveis da vacina?

Poderá provocar febre (geralmente baixa) nas primeiras 24 horas após a injeção e reações locais (dor e inchaço). Reações graves são excecionalmente raras.


Qual é eficácia da vacina?

Varia entre 60% a 90%, sendo menor nas crianças com menos de 2 anos de idade. Se os cientistas falharem na previsão das estirpes anuais, a eficácia será diminuta (Figura 4). Mas mesmo que não impeçam a gripe, as vacinas reduzem a gravidade e a taxa de complicações.


Figura 4: A previsão anual da vacina pode falhar


Quem deverá ser vacinado anualmente?

  1. Indivíduos dos “Grupos de Risco” (ver 4º texto), exceto crianças com menos de 6 meses de idade;
  2. A vacinação das grávidas com parto previsível na época epidémica, conferirá alguma proteção ao futuro lactente (Figura 6).
  3. Profissionais que tenham contacto íntimo com indivíduos dos “grupos de risco”:
    1. Profissionais de saúde
    2. Profissionais das instituições
  4. Familiares (crianças e adultos) de indivíduos dos “Grupos de Risco”


Figuras 5 e 6: A vacinação anual é a medida mais eficaz na prevenção da gripe


Quais são as contraindicações à vacina?

A alergia grave ao ovo ou a outros componentes da vacina. As reações apenas no local da injeção não são contraindicações.


Que medidas devem adotar os doentes com gripe para minimizar os contágios?

  1. Preferivelmente ficar em casa
  2. Se internados, deverão ficar isolados ou confinados a divisões com outros doentes com gripe, durante 5 a 7 dias (ou mais nas crianças)
  3. Evitar o contacto com outras pessoas
  4. Evitar locais com aglomerações de pessoas: urgências hospitalares, transportes públicos, etc.
  5. Realizar uma adequada “etiqueta da tosse e dos espirros”:
    1. Não tossir para as mãos
    2. Tapar o nariz e a boca com lenços (melhor de papel), depois rejeitados para recipientes fechados
    3. Alternativa: tossir para a região do cotovelo (manga da camisola ou pele)
  6. Lavar frequentemente as mãos: após os acessos de tosse / espirros; antes de tocar em objetos que possam ser partilhados, etc.
  7. Evitar manusear objetos de uso comum.
  8. Usar máscara em ambientes públicos; eventualmente também em casa.


Quais as medidas recomendadas para a população em geral para a minimização dos contágios?

  1. Evitar o contacto próximo com doentes
  2. Lavagem frequente das mãos após a manipulação de superfícies potencialmente contaminadas, após cumprimento; após chegar a casa, antes de manipular alimentos, etc. (Figura 7)
  3. Desinfeção ou lavagem frequente de objetos / superfícies de uso comum
  4. Substituição regular dos objetos potencialmente contaminados
  5. Uso de material descartável na limpeza dos objetos, superfícies e secreções.


Figura 7: A lavagem das mãos é das medidas mais importantes nos períodos de epidemia da gripe ou de outras infeções respiratórias