quarta-feira, 17 de maio de 2023

Doença Boca, Mãos e Pés

A doença boca, mãos e pés é uma doença banal, em regra muito benigna, que cura espontaneamente em menos de uma semana. 

Uma vez que o contágio persiste durante algumas semanas após a cura da doença, a retirada da criança do estabelecimento não irá impedir a propagação do vírus às restantes crianças.

Apenas as crianças incapazes de participar nas atividades do grupo ou as que manifestarem significativo desconforto devem ser sujeitas a evicção da creche ou do estabelecimento de ensino.


I - Etiologia e Manifestações Clínicas e Idade de Ocorrência:

É provocada por vírus Coxsackie, causando lesões nas mãos incluindo as palmas, nos pés incluindo as plantas e na boca. Daí o nome (Fig 1, 2 e 3). As lesões são constituídas por pápulas (“borbulhas salientes) e/ou vesículas (“borbulhas” contendo líquido) que podem romper.

 

Fig 1: Lesões periorais muito características e na boca


Fig. 2: Lesões palmares

 

Fig. 3: Lesões plantares

 As lesões cutâneas estão presentes em 75% dos doentes e podem ocorrer também noutros locais, tais como nas nádegas e nos genitais. Na boca as vesículas tendem a romper causando aftas que são dolorosas.

Outras manifestações clínicas possíveis são a febre (que ocorre apenas em algumas crianças), dor garganta e recusa em comer.

Esta doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum até aos 10 anos.

 

II – Manifestações Clínicas Tardias:

Várias crianças que apanham esta doença surgem, algumas semanas depois, com descolamento e depois queda de várias unhas (onicomadese) (Figura 4).

 

Fig. 4: Onicomadese das unhas

Depois as unhas voltam a crescer completamente normais. Noutras crianças surgem apenas sulcos esbranquiçados transversais nas unhas


III – Período de Incubação e Período de Contágio:

O período de incubação é de 3 a 6 dias.

O contágio é feito pelas fezes e pelas secreções respiratórias. Para além do período de doença, e mesmo  após a cura, o vírus continua a ser eliminado pelas fezes durante várias semanas e pelas secreções respiratórias durante 1 a 3 semanas.

 

IV – Excluir a Criança Doente do Estabelecimento (Creche, Infantário, Escola)?

Em regra NÃO.

Sim se a criança for incapaz de participar nas atividades de grupo ou manifestar claro desconforto.

A doença é muito benigna e não necessita de tratamento, exceto antipiréticos para a febre. E é benéfico a criança adquirir imunidade para estes vírus. Daí não ser incluída na lista oficial das doenças de evicção escolar.

Uma vez que o contágio persiste durante algumas semanas após a cura da doença, a retirada da criança do estabelecimento não irá impedir a propagação do vírus às restantes crianças.


Bibliografia:

Aronson SS, Shope TR. Managing Infectious Diseases in Child Care and Schools. A Quick Reference Guide, 4th Edition; 2017:97-98 (publicado pela Academia Americana de Pediatria)


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